segunda-feira, 8 de novembro de 2010

De olho-de-vidro, com cara de mau

Uma garrafa de rum, um tapa-olho, uma perna-pau, uma bandana ou um gancho afiado. A simples caracterização servia antes para definir um pirata: criaturas horrendas que viviam fora da lei, saqueando portos e cidades e desonrando mocinhas.
A contemporaneidade terminou por ressiginificar o termo. Devido a questões histórico-sócio-político-culturais, os piratas já não andam mais por aí em grandes caravelas com velas negras, tocando o terror. Mas surge uma nova classe de pirata, aqueles que roubam os direitos alheios de venda, pegando o dinheiro para si com a venda de filmes, músicas, programas e outras coisas.
A mídia se ocupou de marginalizá-los largamente. Afinal, associados à ilegalidade, a pirataria pode estar á serviço do tráfico e da violência.
Para além dessas questões de direitos de autoria e pirataria maldosa, precisamos pensar nas questões de compartilhamento de bens culturais. É mesmo preciso se cobrar quantias absurdas pela criação intelectual de outrem? A disseminação desse material não permite um acesso maior à obra, incentivando a cultura por aí?
Essas questões precisam ser repensadas. Baixar música ou filme, xerocar livros é algo tão errado como baixar uma bolsa? Acho que temos direito à cultura e à informação. Sem tapa-olhos e pernas-de-pau, os piratas estão por todos os lados de Havaianas e Ray-Ban. E ao invés do papagaio, Os abutres, que são mesmo as indústrias do sistema.

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